Manjaléu e outros contos do folclore mundial, de Rosana Rios
Ilustrações de Lupe Vasconcelos
Um passeio por narrativas do folclore mundial
Manjaléu resgata histórias nada óbvias da cultura popular de diferentes países, aproximando-as dos leitores infantis
Nunca viu um Manjaléu? Pois saiba que ele é popular em alguns pontos do Nordeste brasileiro. Monstro antropófago, mágico e gigante, é também imbatível, pois ninguém consegue achar sua vida — sua vida real, não a de monstro —, que está muito bem escondida. Só mesmo um rapaz esperto e obstinado, com a ajuda de uma princesa astuta, pode enfrentar o ogro, libertando as vítimas de seu feitiço maligno. Manjaléu é um conto de fadas sem fada, e exemplo do rico folclore nacional. Não à toa, dá nome à surpreendente coletânea elaborada por Rosana Rios, que, durante anos, pesquisou histórias da cultura popular de diferentes partes do mundo e decidiu resgatar e recontar algumas delas.
É assim que Manjaléu ganha companhia de outros personagens fantásticos, como o menino que nasce de dentro de um belíssimo pêssego, na narrativa que circula há milhares de anos no Japão. A serpente que oferece três folhas milagrosas ao corajoso homem que vela a esposa morta, trancado em seu mausoléu, numa história alemã. A jovem rejeitada por seu pai, que vira mendiga, mas, num golpe de mágica, transforma-se para um baile e conquista o coração de um rapaz rico, com direito até a sapatinho perdido, numa versão israelense para a Cinderela que conhecemos por estas bandas.
As narrativas do folclore, afinal, revelam como mesmo partes tão distantes do mundo — como China, Escócia e Brasil — estão irmanadas, e como a arte de contar histórias, seja ao redor do fogão à lenha, seja à beira da enseada, sob o céu estrelado, nos aproxima a todos. Como as vozes anônimas que inventam e reinventam esses contos, mantendo uma tradição milenar, ressoam o que todos temos em comum: os medos e coragens, amores e ciúmes, sorte e azar ao ritmo do acaso, fantasia e ímpeto de fabulação. Nossa complexa humanidade, afinal.
Assim, Manjaléu e outros contos do folclore mundial mostra como uma história chinesa, que envolve uma pessoa boa vivendo entre malvados e culmina num dilúvio, tem traços semelhantes à lenda narrada pelos tupis brasileiros, séculos atrás. Ao mesmo tempo, traça um passeio pela tradição do folclore, repleto de curiosidades e de detalhes interessantes. Pois, ao fim de cada conto, a autora comenta sobre a origem e as peculiaridades daquela narrativa, evocando fatos como a presença marcante de mermen e mermaids (homens e donzelas do mar, as que chamamos de sereias) no folclore escocês, ou o ritual da Rakugo, tradição milenar japonesa de contar histórias. Tudo isso ao sabor de uma escrita envolvente e rara, que seduz a atenção do leitor — ou do ouvinte — com seu fantástico burburinho de sensações, reviravoltas, surpresas.
TRECHO
À noite, o senhor do castelo chegou da caça e ficou surpreso ao ser bem recebido pela princesa, que até aquele dia vivia confinada no quarto chorando, recusando-se a se casar com ele. Animada com a presença do jovem visitante, ela havia pensado: “Chorar e implorar para este monstro, até agora, não adiantou. Se quero ser libertada, é melhor mesmo usar a esperteza…”.
Os dois jantaram e conversaram.
Então, quando já era tarde, ela disse:
— Ninguém consegue matá-lo, não é? Pois sua vida está bem escondida, longe daqui.
O Manjaléu riu-se todo, mas ficou desconfiado. E respondeu:
— Minha vida está oculta sob as raízes daquela árvore, lá fora.
A princesa percebeu que ele estava mentindo. Na manhã seguinte, quando o gigante saiu para caçar, ela foi até a árvore que ele indicara, regou as raízes, arrancou os galhos secos e varreu as folhas caídas.
Ao anoitecer, ele voltou e viu que ela cuidara da árvore. Afinal, até um monstro antropófago, mágico e gigante gosta de ser bem tratado… Pensando que a princesa estava começando a gostar dele, revelou:
— Na verdade, minha vida não está nas raízes de nenhuma árvore.
AS AUTORAS
Rosana Rios é autora de literatura para crianças e jovens há 28 anos e já publicou por volta de 150 livros. Várias de suas obras, como esta, são frutos de uma eterna pesquisa a respeito de mitologia e folclore, pois é apaixonada por narrativas antigas e procura recontá-las de forma a encantar os jovens leitores, trazendo a eles um pouco da cultura dos povos de todas as partes do mundo. Além de escrever muito, a autora viaja por todo o Brasil apresentando palestras, autografando livros e fazendo um trabalho de estímulo à leitura com leitores de todas as idades. Mora em São Paulo, capital, com a família e uma coleção de dragões. Está sempre on-line e seu site é http://rosanarios.wix.com/rosanarios.
Luciana “Lupe” Vasconcelos é artista plástica e ilustradora. Natural de Goiânia, é bacharel em Design Gráfico e mestre em Cultura Visual, ambos pela FAV-UFG. Sua especialidade é o desenho em nanquim sobre papel. O fantástico e o oculto são seus temas favoritos. Atualmente reside e trabalha na cidade de Teresópolis/RJ. Site: www.luciferovs.com
Título: Manjaléu e outros contos do folclore mundial
Escrita Fina Edições / Grupo Editorial Zit
Escritora: Rosana Rios
Ilustradora: Lupe Vasconcelos
Público-alvo: a partir de 10 anos
Páginas: 96
Dimensões: 18x23cm
ISBN: 978-85-5909-010-9
Preço: 37,80
À venda nas livrarias ou pelo site www.grupoeditorialzit.com.br
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