Uma história infantil que aborda o luto muito além do lugar-comum
Margaridas usa o encantamento de um saboroso quintal para narrar
como pode ser a morte aos olhos de uma criança
Era um quintal com cajá maduro, risada, pique-pega, chão de flor, balanço pendurado. Quintal com vô que assobia de mansinho e que faz barcos de papel, inventando piratas na chuva. Que conta histórias de outro mundo e arregala a luneta para o céu. Acontece que, de repente, o quintal se transforma. Não tem trovoadas, não tem mais brincadeira nem cantoria. Tem uma vó que chora. Uma espera agoniada. Um dia que se encolhe nos passarinhos. Uma casa em silêncio e suspiros.
As páginas de Margaridas se debruçam sobre um tema que, em geral, é tratado como tabu dentro do universo infantil: o luto. Com versos de extrema delicadeza e poesia, a autora Neide Barros usa o encantamento de um saboroso quintal para narrar como pode ser a morte aos olhos de uma criança.
Para isso, usa metáforas de alta voltagem lírica, criando imagens que, apesar de tecidas pelo susto da morte, são pura cadência de vida. Assim, é a curiosidade da protagonista-menina quem vai nos guiar pela jornada do luto, em suas várias etapas. Primeiro, o estranhamento ante a suspensão na ordem das coisas. A angústia do desconhecido — “o poente quer morar na nossa casa”, descreve a menina. “Meu avô se anoitece.”
Depois, a percepção do que não é possível saber. O mistério da morte, os mistérios da vida. Onde agora o vô dorme? Sente frio? Lá tem bolo? Tem rolinhas? Tem quintal? A mãe chora apenas por dentro. Hoje, neste dia longo, não tem biscoito para as crianças.
Mas, no luto, também pulsa um processo de amadurecimento. E de retomada do encanto. Aos poucos, a memória vai puxando de volta os fios da antiga alegria. A chuva faz o quintal virar, de novo, lago borbulhante. E as palavras e imagens deste livro de singular delicadeza, vão desenhando os rastros de uma passagem cheia de dor, mas também cheia de vida: a passagem de quem fica. Com saudade, mas também com o legado de uma convivência amorosa e plena.
TRECHO
Quem soletra esse mistério com cuidado?
Quem me conta esse segredo de mansinho?
Nosso vô conhece histórias de um lugar…
Minha mãe chora só dentro, eu adivinho.
Anoitece. Anoitece. Meu avô.
Anoitece. Anoitece. Meu avô
São silêncios, são suspiros, faz sereno.
Nossa casa sem risadas permanece.
Tem buquê de margaridas, tem abraços, tem sussurros.
Meu avô se anoitece. Anoitece.
Vô?
Onde dorme? Sente frio? Tem estrelas?
Lá tem bolo? Tem rolinhas? Tem quintal?
Faz escuro? Tem retratos? Vai voltar?
Eu te busco, vou no vento, sei voar!
AS AUTORAS
Neide Barros é de Duque de Caxias/RJ. Professora de formação e poeta de coração. Este é seu segundo livro pela Escrita Fina Edições.
Carla Guidacci. Carioca, filha do cartunista e chargista Jorge Guidacci e da artista plástica Miriam Monteiro, iniciou sua carreira artística nos palcos — é atriz desde os 15 anos e atua até hoje. Desenhar sempre foi um hobby, mas passou a ser mais uma expressão profissional quando começou a fazer caricaturas ao vivo e por encomendas para grandes empresas, instituições e eventos particulares, desde 2003. Margaridas é sua primeira ilustração para livro infantil, a convite da autora e amiga Neide Barros.
Título: Margaridas
Escrita Fina Edições / Grupo Editorial Zit
Escritora: Neide Barros
Ilustradora: Carla Guidacci
Público-alvo: a partir de 6 anos
Páginas: 40
Dimensões: 21x21cm
ISBN: 978-85-5909-029-1
Preço: 29,80
À venda nas livrarias ou pelo site www.grupoeditorialzit.com.br
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